Bastidores Conturbados: Miss Sant’Anna Revela Irregularidades e Abala Concurso Estadual

A frágil aura de glamour que envolve os concursos de beleza foi sacudida por uma denúncia que expôs falhas processuais e atropelos emocionais na etapa estadual do Miss Universo Rio Grande do Sul. A representante de Santana do Livramento, Miss Sant’Anna, fez críticas contundentes à condução do evento — acusando a organização de favorecimentos, desprezo e de nebulosidade no sistema de seleção.

Em sua manifestação, a candidata afirmou que algumas decisões tomadas por membros da coordenação não respeitaram critérios claros. Entre as acusações estão a suspeita de favorecimento de determinadas concorrentes, falta de transparência na pontuação e ausência de explicações plausíveis após reviravoltas inesperadas na atribuição de notas. A jovem deixou claro que a condução do processo não refletiu a experiência esperada em um evento que dita futuros nacionais e internacionais.

O clima nos bastidores, conforme relatado, foi prejudicado por orientações confusas. A candidata narrou que respostas dos jurados eram instáveis e que, frequentemente, era questionada sobre seu “perfil internacional” em detrimento de sua postura e preparo pessoal — um ajuste sutilmente discriminatório e pautado em expectativas pouco expressas ao público geral.

Além disso, Juízas e organizadores foram acusados de cobrar um padrão de comportamento inflexível, que oscilava entre correções severas e elogios seletivos. A suspeita era clara: haveria metas de classificação definidas antecipadamente, brochando a confiança das competidoras e abafando eventuais injustiças. A sensação, relatou Miss Sant’Anna, era de estar atuando em um processo encenado, no qual alguns nomes já estavam destinados a avançar independentemente do desempenho real.

A denúncia reacende discussões sobre a lisura desses eventos, que já acumularam casos polêmicos envolvendo vencedoras acusadas de irregularidades — como fraudes de registro ou condescendência nos critérios de julgamento. A crítica aponta que, apesar da beleza estética valorizada nas passarelas, o modelo de seleção ainda carece de supervisão rigorosa para garantir justiça e segurança às candidatas.

A repercussão interna também gerou desconfiança: enquanto algumas concorrentes se solidarizaram, outras temeram represálias, o que revela uma representação democrática falha no ambiente competitivo. A urna secreta, supostamente meio de evitar retaliações, foi descrita por Miss Sant’Anna como pouco eficaz quando confrontada com as normas opacas do regulamento.

Para ela, é chegada a hora de rever práticas que alimentam sonhos, mas, ao mesmo tempo, anulam trajetórias. Exigir edital claro, prestação de contas da pontuação e preparo de jurados para evitar discriminações sutis são medidas urgentes que, em suas palavras, “construiriam um concurso digno, onde a beleza possa caminhar lado a lado com profissionalismo e transparência”.

A organização do certame ainda não se manifestou, mas a comunidade envolvida — especialmente no Rio Grande do Sul — acompanha com atenção possível desdobramentos. O debate se projeta além dos palcos regionais: à medida que cresce a visibilidade do Miss Estados Unidos, Europeus e Universais, cresce também a necessidade de credibilidade na base, a fundação de todo o sistema.

A denúncia de Miss Sant’Anna abre fissuras na narrativa muitas vezes idealizada dessas competições e coloca sob holofotes duas questões essenciais: a legitimidade da escolha e a estrutura emocional imposta às candidatas. Em um formato que deveria celebrar empoderamento e representatividade, ressalta-se a urgência de reconstruir processos que coloquem justiça e dignidade entre seus critérios principais.