As últimas 48 horas foram marcadas por uma tragédia climática no Rio Grande do Sul, onde 32 pessoas perderam suas vidas e outras 60 estão desaparecidas, enquanto 36 ficaram feridas. Com uma média de chuvas bem acima do esperado para o mês de maio, 31 cidades do estado enfrentaram volumes pluviométricos alarmantes.
A magnitude da situação levou o estado a decretar calamidade pública na última quarta-feira (1/5). Os registros são devastadores: a cidade de Fontoura Xavier lidera em volume de chuva, com 500,6 milímetros em apenas 24 horas, mais de três vezes a média histórica do município.
Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 134 municípios do estado já sofrem algum tipo de impacto devido às chuvas, afetando cerca de 15 mil pessoas que estão fora de suas residências. Desse total, 5 mil estão em abrigos e 10 mil estão alojados na casa de familiares.
As consequências vão além do número de vítimas. Com as aulas suspensas na rede estadual para 700 mil alunos, e sete cidades gaúchas entre as 10 com maior volume de chuvas no mundo nas últimas 24 horas, a magnitude do desastre é evidente.
Soledade, por exemplo, registrou 233 milímetros de chuva, ficando atrás apenas de Fahud (Omã) com 249,2 milímetros. Além disso, outras cidades como Caxias do Sul, Santa Rosa, Ibirubá, Cruz Alta, Bom Jesus e Santo Augusto estão entre as mais afetadas.
Santa Maria enfrenta desmoronamentos de encostas, obstruções em vias urbanas e rurais, e a queda de onze pontes. A cidade acumulou 436,2 milímetros de chuva em apenas três dias, causando interrupção no abastecimento de água para 70% da população.
O Vale do Taquari, com 40 municípios afetados, está entre as áreas mais devastadas. O rio atingiu 31,2 metros, ultrapassando seu recorde histórico.
Diante da gravidade da situação, o governador Eduardo Leite convocou a população a deixar suas casas em áreas de risco e alertou para a iminência de mais chuvas e aumento nos níveis dos rios nos próximos dias.
As equipes de resgate enfrentam dificuldades operacionais devido às condições climáticas adversas. O governador enfatizou o foco nas operações de resgate, destacando que ainda há pessoas aguardando socorro.
Segundo previsões do Climatempo, a instabilidade climática persistirá nas regiões afetadas até domingo (5), intensificando ainda mais os desafios enfrentados pelo estado do Rio Grande do Sul.