Nos Bastidores do Poder: PT Intensifica Pressão por Cassação de Carla Zambelli

Nos corredores silenciosos e, ao mesmo tempo, fervilhantes da Câmara dos Deputados, uma nova batalha política ganha força e pode redefinir o cenário institucional da Casa. O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu elevar o tom e intensificar a pressão sobre a Mesa Diretora da Câmara para que seja finalmente protocolado o processo de cassação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), cuja conduta tem sido alvo de intensas críticas e desgastes desde o episódio em que sacou uma arma em via pública, às vésperas das eleições.

O caso, embora não seja recente, continua repercutindo com força nos meios políticos e jurídicos. A imagem da parlamentar armada, correndo pelas ruas de São Paulo atrás de um homem negro, causou profunda indignação na opinião pública e acendeu alertas entre os parlamentares. Desde então, o Conselho de Ética já se debruçou sobre o caso, tendo aprovado, por maioria, o relatório que recomenda a perda de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

O impasse, no entanto, reside na última etapa do processo: a decisão da Mesa Diretora da Câmara em efetivamente protocolar o caso para ser apreciado pelo plenário. Sem essa movimentação, a decisão do Conselho de Ética permanece engavetada, sem qualquer efeito prático.

Nos bastidores, integrantes do PT têm se articulado para pressionar diretamente os membros da Mesa, especialmente o presidente da Câmara, a destravar o rito legal. Parlamentares da legenda apontam que manter o caso paralisado enfraquece a credibilidade da Casa e compromete o respeito às próprias regras do Regimento Interno. Para o PT, o processo de cassação já deveria estar tramitando, permitindo que o plenário da Câmara decida, com base no parecer do Conselho de Ética, se a conduta da deputada é compatível com a função parlamentar.

A movimentação também expõe divergências internas no Congresso. Enquanto setores mais conservadores minimizam o episódio ou alegam perseguição política, parlamentares progressistas argumentam que a manutenção do mandato de Zambelli, diante da gravidade do ocorrido, representa uma mensagem perigosa em tempos de crescente radicalização política. A presença de uma parlamentar armada, protagonizando uma cena típica de filmes de ação, é vista por muitos como inadmissível em qualquer democracia saudável.

Carla Zambelli, por sua vez, tem adotado uma postura combativa. Publicamente, rebate as críticas e reforça seu discurso alinhado ao bolsonarismo, mantendo sua base eleitoral mobilizada. Nos bastidores, conta com apoio de colegas de bancada e aliados que enxergam na tentativa de cassação uma estratégia política para neutralizar vozes dissonantes no Congresso.

Ainda assim, a pressão do PT e de outros partidos da oposição cresce. Não apenas por razões ideológicas, mas também por uma avaliação pragmática: permitir que o caso de Zambelli caia no esquecimento pode abrir precedentes perigosos, relativizando os limites do comportamento parlamentar e enfraquecendo os instrumentos de fiscalização interna da Casa.

A decisão da Mesa Diretora, portanto, tem peso institucional. Mais do que um julgamento sobre uma deputada específica, trata-se de um teste para a Câmara dos Deputados como instituição. A demora em encaminhar o processo ao plenário pode ser lida como omissão, enquanto a sua tramitação pode sinalizar um compromisso real com a ética e o decoro parlamentar.

O clima é de tensão. E a pergunta que paira no ar é direta: a Câmara será capaz de se posicionar à altura da responsabilidade que lhe cabe ou seguirá refém das conveniências políticas?